Perspectivas
A inserção da Equipe Multiprofissional (eMulti) na Atenção Primária à Saúde (APS) do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil trouxe novas possibilidades, ampliando as funções do Núcleo Ampliado de Saúde da Família (NASF), substituindo o NASF, com alguns avanços.
Existem cinco possíveis perspectivas principais sobre essa mudança: a perspectiva dos gestores, a perspectiva dos profissionais da eMulti, a perspectiva dos profissionais da APS, a perspectiva dos profissionais da RAS, e, a perspectiva da população usuária dos serviços do SUS. Embora cada perspectiva tenha seu valor, elas podem, em certos momentos, apresentar conflitos.
Gestores veem a eMulti como uma forma de otimizar recursos, melhorar indicadores de saúde e ampliar o acesso a serviços especializados, apesar dos desafios na gestão de equipes multidisciplinares.
Profissionais da eMulti têm a perspectiva do desenvolvimento de um cuidado não fragmentado na saúde pública e de trabalhar de maneira integrada, mas podem sentir dificuldades na efetivação da referida integração, por motivos diversos, dentre os quais diferenças culturais entre profissionais.
Outros profissionais da APS podem ter a perspectiva do benefício da integração com a eMulti, embora haja desafios na integração das equipes.
Na RAS, a perspectiva é de que a eMulti facilita a comunicação entre níveis de atenção, mas a articulação efetiva ainda precisa ser aprimorada.
A população, pode vir com a perspectiva de que a eMulti proporciona um cuidado mais abrangente e especializado, embora a percepção desses benefícios possa variar conforme a experiência individual com o SUS.
Essas perspectivas diversas podem gerar conflitos, como a tensão entre a otimização de recursos pelos gestores e as condições de integração e/ou até mesmo de trabalho necessárias aos profissionais. O sucesso da eMulti depende de sua integração, gestão eficiente, qualificação contínua dos profissionais na APS e em toda a RAS, para que se entenda o que é eMulti (dentre outros indispensáveis entendimentos), e, envolvimento da população na formulação de políticas de saúde. A continuidade e o fortalecimento desse modelo dependem de estratégias como expansão da cobertura, adaptação às necessidades locais, uso das TICs (tecnologias como telemedicina, inteligência artificial, etc.), e, monitoramento constante dos resultados.
A consolidação da eMulti na APS do SUS requer superação de desafios, visando ampliar o acesso e melhorar a qualidade dos serviços prestados à população.
Veja alguns dos desafios clicando no link: Desafios.